"A
IMPORTÂNCIA DA LITERATURA NA SOCIEDADE"
texto de MAURÍCIO TRAGTENBERG
Numa época de especialização, a
literatura define os ideais de um período de crise e transição. Daí toda grande
obra literária ser de um período de transição (veja-se a importância da
mensagem de Dante, Dostoievski ou Kafka), pois é nesses períodos que se põe
dramaticamente ao homem essa interrogação: qual o sentido de sua vida, qual a
significação do mundo que o cerca? O médico, engenheiro, advogado, encarnam
especializações necessárias ao exercício de suas atividades, mas tem em comum,
um atributo, o de serem humanos e o de enfrentarem idênticos problemas numa
sociedade em transição. Somos filhos de uma sociedade individualista e liberal
e caminhamos para um outro tipo de sociedade planificada. Como se dará tal
mudança? Quais os agentes desse processo? Não o sabemos. O que sabemos é que
assistimos a um espetáculo de crise, de transição, onde os velhos quadros
sociais desaparecem e os novos ainda não se estruturaram.
A literatura é uma forma de resposta a essa interrogação. Ela, pelos escritos
de Homero transmitia-nos uma mensagem corporificando um tipo de homem: o
cavaleiro e o nobre; pela pena de Hesíodo, transmitia-nos uma ética do trabalho
e sua dignificação como sentido da vida. Os escritos de Joyce, Kafka e
Faulkner, constituem uma mensagem adequada aos tempos novos: as formas
clássicas do romance estão fenecendo; cabe ao homem descobrir uma nova
linguagem para exprimir novas experiências de uma nova vida. De todas as formas
de arte a literatura é a mais próxima da vida e a mais sintética, pois reúne a
arquitetura, quando no processo de composição do romance, a música, na
estrutura melódica da frase, a pintura, no traçar o caráter dos personagens, a
filosofia, ao definir seus ideais de vida. Daí sua importância para a cultura.
Sendo ela acessível aos diferentes especialistas, poderá formular novas formas
de ação ética e padrões morais.
A transição do século XIX e XX foi assinalada, em primeiro lugar, pelos
impressionistas, pelo naturalismo literário e posteriormente pelos teóricos de
política, economia e filosofia. A literatura pertencendo a um dos campos
assistemáticos do conhecimento tem esse poder. Pode auscultar as mudanças que
se operam no mundo e pela imaginação de seus grandes nomes, definirem ao homem
comum, novos caminhos. Se não conseguir formulá-los com nitidez, pelo menos
servirá como testemunho de uma época. Cabe ao escritor viver plenamente
sua época, pois só atinge a grandeza, aquele que sentiu seu próprio tempo. Este
é o segredo da universalidade de um Goethe, Balzac ou Cervantes. Nessa
tentativa de traçar, com lucidez os quadros do mundo, onde se desenrola o drama
humano, num período de transição, é que a literatura deixará de ser o “sorriso
da sociedade”, para ser testemunho de uma época, uma mensagem acessível a
todos, que permitia ao homem independente de sua especialidade sentir-se junto
ao seu semelhante, como “igual entre iguais”, cumprindo um sábio preceito
chinês: Se as profissões diferenciam o homem, cabe à arte uni-lo em torno de
ideais comuns. Isso ela pode fazê-lo, pois sua linguagem é universal e a
condição humana idêntica em toda a face da terra.
A literatura é uma forma de resposta a essa interrogação. Ela, pelos escritos de Homero transmitia-nos uma mensagem corporificando um tipo de homem: o cavaleiro e o nobre; pela pena de Hesíodo, transmitia-nos uma ética do trabalho e sua dignificação como sentido da vida. Os escritos de Joyce, Kafka e Faulkner, constituem uma mensagem adequada aos tempos novos: as formas clássicas do romance estão fenecendo; cabe ao homem descobrir uma nova linguagem para exprimir novas experiências de uma nova vida. De todas as formas de arte a literatura é a mais próxima da vida e a mais sintética, pois reúne a arquitetura, quando no processo de composição do romance, a música, na estrutura melódica da frase, a pintura, no traçar o caráter dos personagens, a filosofia, ao definir seus ideais de vida. Daí sua importância para a cultura. Sendo ela acessível aos diferentes especialistas, poderá formular novas formas de ação ética e padrões morais.
A transição do século XIX e XX foi assinalada, em primeiro lugar, pelos impressionistas, pelo naturalismo literário e posteriormente pelos teóricos de política, economia e filosofia. A literatura pertencendo a um dos campos assistemáticos do conhecimento tem esse poder. Pode auscultar as mudanças que se operam no mundo e pela imaginação de seus grandes nomes, definirem ao homem comum, novos caminhos. Se não conseguir formulá-los com nitidez, pelo menos servirá como testemunho de uma época. Cabe ao escritor viver plenamente sua época, pois só atinge a grandeza, aquele que sentiu seu próprio tempo. Este é o segredo da universalidade de um Goethe, Balzac ou Cervantes. Nessa tentativa de traçar, com lucidez os quadros do mundo, onde se desenrola o drama humano, num período de transição, é que a literatura deixará de ser o “sorriso da sociedade”, para ser testemunho de uma época, uma mensagem acessível a todos, que permitia ao homem independente de sua especialidade sentir-se junto ao seu semelhante, como “igual entre iguais”, cumprindo um sábio preceito chinês: Se as profissões diferenciam o homem, cabe à arte uni-lo em torno de ideais comuns. Isso ela pode fazê-lo, pois sua linguagem é universal e a condição humana idêntica em toda a face da terra.
Comentário:
Por: Paulo Dias e Michael Taguchi
A literatura é uma espécie de espelho da sociedade. E quando o assunto é a mudança da sociedade, a literatura se mostra como algo muito mais sensível do que o perceber humano. Desta forma, ela consegue captar coisas que passariam despercebidas pela maioria das pessoas da época e que só serão reconhecidas por quem futuramente se deparar com obras literárias. Pode-se dizer que nem sempre a literatura se manifesta de forma escrita, aliás, pensar assim é um erro ao qual todos nós somos levados a crer desde que temos contato com as primeiras obras literárias. Na verdade, a literatura se manifesta através de costumes, através de crenças, enfim, por diversos meios além da palavra escrita. Cabe à escrita o papel de registrar aquilo que é captado pelos sensíveis ouvidos da literatura, e é por tal motivo que não podemos, de forma alguma, desprezar a magnífica eficiência das palavras. Literatura não existe sem sociedade, assim como a sociedade seria infinitamente mais pobre sem a literatura. Uma depende da outra, é assim desde que o mundo é mundo e
assim permanecerá. A Literatura sempre mudará conforme a
sociedade se transforma, em cada grupo social do mundo a literatura
será diferente,
pois cada grupo é diferente. Eis aí alguns
dos maiores papéis da literatura: celebrar as diferenças, captar as mudanças do presente e futuro e
valorizar o passado, afinal, é ele que nos trouxe até aqui.
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