Ao longo de seus 67 anos, o escritor Bartolomeu Campos de Queirós ganhou prêmios diversos como o Jabuti e o 4.º Prêmio Ibero-americano SM de Literatura Infantil e Juvenil, que venceu por unanimidade em 2008. Dois anos depois, foi finalista do internacional Hans Christian Andersen, considerado o Nobel da literatura infantil. Nunca, porém, ganhou um prêmio tão alto quanto o São Paulo de Literatura, que paga R$ 200 mil.
Na noite de segunda-feira, em cerimônia no Museu da Língua Portuguesa, seu nome foi anunciado como o autor do melhor livro de 2011: "Vermelho Amargo" (Cosac Naify). Bartolomeu morreu em janeiro, em decorrência de insuficiência renal. Não era casado e não tinha filhos e a premiação, como prevê o regulamento, vai para seus herdeiros legais.
O mineiro publicou 40 livros durante sua carreira - a maior parte dedicada ao público juvenil, como o que entregou à Cosac Naify quatro dias antes de morrer. "Elefante", um texto poético em que o narrador conversa com seu inconsciente sobre os limites do amor, deve ser lançado em maio. Tão importante quanto sua produção literária era seu engajamento na questão da leitura e da formação de leitores. Por isso, ocupava-se da capacitação de professores, fazendo palestras aqui e ali.
"Vermelho Amargo", que concorre ainda ao Prêmio Portugal Telecom, revisita a infância triste do narrador, marcada pela ausência da mãe e presença de um pai alcoólatra. A curta história, que "expressa com densidade reflexiva a vivência subjetiva do personagem principal", nas palavras da comissão julgadora, desbancou outros bons livros. Estavam no páreo "Diário da Queda", de Michel Laub; "Domingos Sem Deus", de Luiz Ruffato; "A Vendedora de Fósforos", de Adriana Lunardi; "Herança de Maria", de Domingos Pellegrini; "Don Solidon", de Hélio Pólvora; "Perdição", de Luiz Vilela; "Habitante Irreal", de Paulo Scott; "Em Nome do Pai dos Burros", de Silvio Lancellotti; e "Dois Rios", de Tatiana Salem Levy.
Mas a noite não foi só de homenagens a Bartolomeu - que, aliás, foram discretas. Psicóloga por formação e ocupação, Suzana Montoro venceu na categoria autor estreante com "Os Hungareses", seu primeiro romance, e também ganhou R$ 200 mil. Escritora nas horas vagas, já publicou quatro infantojuvenis, e espera agora o resultado do Jabuti em outubro. "Nem Eu Nem Outro" é finalista na categoria juvenil. Enquanto isso, escreve outra novela para adolescentes.
Ela concorreu com Ana Mariano ("Atado de Ervas"); Bernardo Kucinski ("K."); Chico Lopes ("O Estranho no Corredor"); Edmar Monteiro Filho ("Fita Azul"); Eliane Brum ("Uma Duas"); Julián Fuks ("Procura do Romance"); Luciana Hidalgo ("O Passeador"); Marcos Bagno ("As Memórias de Eugênia") e Susana Fuentes ("Luzia").
Comentário: Nada mais justo que Bartolomeu ganhar o maior prêmio da sua carreira como escritor de literatura infantil. Além de possuir grande capacidade, também representa o Brasil. Suzana mostrou que veio pra ficar e faturou a categoria de autor estreante, mostrando que ainda há bons escritores surgindo todos os dias em lugares nem imaginados.
Fonte: Estadão - Literatura
Por Thaís Raposo dos Santos
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