domingo, 28 de outubro de 2012

Editora lança obra de Mario Quintana


Será lançada nesta segunda-feira, às 20 h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (Av. Paulista, 2.073), a obra do poeta Mario Quintana (1906-1994) pela editora Alfaguara. Para marcar o evento, o professor e curador do projeto editorial, Italo Moriconi, e a professora Viviana Bosi, responsável pelos prefácios dos livros, participarão de bate-papo. Também serão lidos poemas do autor. Por enquanto, já estão nas livrarias as obras "Canções" (1946), "Sapato Florido" (1948), "A Rua dos Cataventos" (1940), "A Vaca e o Hipogrifo" (1977), "Apontamentos de História Sobrenatural" (1976), "O Aprendiz de Feiticeiro" (1950), "O Espelho Mágico" (1951) e "A Cor do Invisível" (1989).

Fonte: Estadão - Cultura

Comentário: O gaúcho Mário Quintana merece ser exaltado por suas ótimas obras, que agradam até mesmo os leitores mais difíceis. Aqui vai um dos trechinhos de um livro do autor que eu gosto muito:


Poeminho do Contra
"Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!
"
(Prosa e Verso, 1978)




Por Thaís Raposo dos Santos

Narrativas e gênero literário é tema da aula indicada pela FGV


A Fundação Getulio Vargas (FGV) lançou em setembro um portal gratuito com foco no ensino médio, o Ensino Médio Digital. Diariamente, o Estadão.edu oferece dicas de aulas online montadas pela FGV para ajudar na preparação para o Enem.
As indicações, que devem ocorrer até o início de novembro, serão organizadas de forma a atender aos principais conteúdos cobrados pelo Enem.
A aula "Gêneros literários - a narrativa" foi sugerida pela professora Cláudia Capello. Abaixo, um breve comentário sobre o seu conteúdo.
"A aula 5 do curso 1 de Literatura mostra de que forma a divisão dos gêneros literários em narrativo, lírico e dramático foi criada e como chegou a nossos dias. Nesta aula, o gênero literário abordado é a narrativa. A origem desse tipo de texto – que, num primeiro momento, pertencia ao gênero épico – é explicada ao estudante, de forma que se compreenda a evolução da epopeia, por exemplo, para o modelo narrativo contemporâneo. É importante, nesta aula, que o estudante conheça o que caracteriza o gênero narrativo e com que tipos de narrativa se pode deparar. A utilização recorrente de textos diversos e códigos distintos permite que o estudante reflita sobre o conteúdo e, ao mesmo tempo, exercite sua capacidade de compreensão de textos."
*CLÁUDIA CAPELLO É DOUTORA EM LITERATURA COMPARADA E, NO PROGRAMA FGV ENSINO MÉDIO DIGITAL, É COORDENADORA DA ÁREA DE LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS E AUTORA DO CONTEÚDO DE LITERATURA.
Fonte: Estadão - Educação
Comentário: Acho importante a iniciativa do Estadão de promover os estudos de quem está se esforçando para o Enem. Principalmente os gêneros literários, que são de extrema importância na vida de qualquer estudante, e que infelizmente, alguns não sabem muito sobre tal assunto.
Por Thaís Raposo dos Santos

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Saga - Harry Potter

 Uma grande aventura acontece nos livros de Harry Potter, uma história repleta de ações e acontecimentos transforma a saga em algo fabuloso, escrito por J.K Rowling e lançado o primeiro livro no ano de 2000 no Brasil (Harry Potter e a Pedra Filosofal).
 A história conta a vida de um bruxo que perde os pais quando era um bebê, e para ser protegido de bruxos das trevas é levado para ser cruiado pelos tios, uma família que não aceita coisas estranhas e diferentes como a prática de bruxaria.
 O menino cresce pensando que os pais morreram em um acidente de carro, porém no seu aniversário de 11 anos descobre a verdade sobre sua vida, e recebe uma carta da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.
 Mesmo contra a vontade de seus tios Harry Potter entra na escola com a fama de ter sobrevivido ao maior bruxo das trevas Lord Voldemort, Harry conhece outros alunos e se torna amigo de Hermione Granger e Roni Weasley.
 A saga foi adaptada para o cinema contendo 8 filmes, pois o último foi dividido em duas partes, o motivo é por ser muito longo.
A saga é composta por 7 livros:
- Harry Potter e a Pedra Filosofal.
- Harry Potter e a Câmera Secreta.
- Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban.
- Harry Potter e o Cálice de Fogo.
- Harry Potter e a Ordem da Fênix.
- Harry Potter e o Enigma do Príncipe.
- Harry Potter e as Relíquias da Morte.
Outros livros da autora relacionados com a saga:
- Quadribol Através dos Séculos.
- Os Contos de Beedle, o Bardo.
- Animais Fantásticos e Onde Habitam.
 Os livros são editados pela editora Rocco.Coleção Harry Potter.

Comentário: 

 Um livro que mostra um mundo totalmente fantástico e inovador, quem começa a ler não consegue parar, uma história que envolve intrigas, traição e amizade.
 Quando comecei a ler a saga fiquei muito ansioso para saber sobre tudo desse novo mundo de J.K. Rowling, então comecei a ler outros livros que conta um pouco mais sobre o mundo da bruxaria, esses livros também da mesma autora.


Michael Taguchi. 

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Literatura de massa


Costuma-se diferenciar dois tipos de literatura, com regras distintas de produção e consumo: a "culta" e a de "massa" (leia-se também best-seller ou folhetim). O estilo culto implicaria uma intervenção pessoal do escritor, tanto na técnica romanesca corrente quanto na língua nacional escrita. O autor, de certo modo, criaria uma língua própria ao escrever. Seus textos não seriam comandados por fatos reais da história, conteúdos informativos ou pedagógicos que pretendessem chegar como "verdadeiros" à consciência do leitor. Já na literatura considerada de massa, o que importa são os conteúdos "fabulativos" (a intriga com a estrutura clássica de princípio-tensão, clímax, desfecho e catarse), destinados a mobilizar a consciência do leitor, exacerbando sua sensibilidade.

Enquanto produto da literatura de massa ou folhetinesca, o best-seller é resultado do processo de industrialização mercantil e efeito da ação capitalista sobre a cultura, sendo produto das exigências geradas pela sociedade moderna e inscrevendo, em sua produção, as diretrizes ideológicas dominantes de "interpretação e reconhecimento do sujeito humano. A preservação da retórica culta está presente na literatura de entretenimento trivial pela estrutura e pelo conteúdo. A enumeração dos conteúdos explícitos e dos elementos estruturais encontrados na literatura de massa ajuda a iluminar o fenômeno da indústria cultural, mas não o caracterizam de forma definitiva, pois todos os elementos enumerados também podem ser encontrados esporadicamente na chamada alta literatura.

Apesar de o mundo já ser uma aldeia globalizada em termos de comunicação, ainda existem intelectuais que dividem a literatura de outra forma: literatura propriamente dita e a subliteratura. Às vezes, nem está em jogo a qualidade da obra, mas a penetração popular dela. Há ainda o questionamento de que sem a comunicação não há o momento estético, mas os elitistas preferem a arte que oculta, que se nega a interagir com o leitor comum, só com alguns. Uma atitude difícil de ser aceita em se tratando de literatura, que prima pela comunicação. Partindo do pressuposto de que o ser humano não vive sem a arte, a pessoa participante da massa informe e ignóbil também tem sua estética, que está seja nos pagodes, na música sertaneja, na MPB, na televisão, nos jornais, nas revistas, ou nos livros, porém é pichada de arte da redundância, de descartável, de produto da indústria cultural. Desta postura nasce também o endeusamento do livro, como única forma de expressão literária e o congelamento dos gêneros literários. No limiar do século XXI, ainda há gente que despreza a revista e o jornal. Exemplo claro disso é a exigência das academias de letras, pois só pode participar delas quem já escreveu um livro, e ainda se critica quem está nela porque escreveu livros de caráter científico.


Analisando ainda as pesquisas brasileiras sobre o consumo da literatura de massa e os estímulos que esta pode estar transmitindo, aliados aos da mídia em geral, observa-se determinada incoerência. Se os textos têm como objetivo final serem lidos pelo maior número possível de pessoas, por que até muito recentemente quase não se pesquisava sobre a crítica do leitor ‘comum’ acerca dos textos lidos? Ao se prosseguir nessa linha de raciocínio, identifica-se uma prática que de certa forma denota inversão de valores: analisa-se o texto, como arte ou não, relegando a segundo plano o objetivo primeiro: ser lido por alguém, ou o leitor. Tal prática até recentemente colaborou para que os estudos, postulados e teses sobre leitura ficassem mais no nível teórico, na crítica de conteúdo, relegando o leitor a um patamar secundário, especulativo. Apesar do enfoque de estudos nas ciências sociais na atualidade ter-se direcionado para o individual, a subjetividade, alteridade e também o cotidiano, a realidade é que ainda são pouquíssimas as linhas de pensamento e pesquisas desenvolvidas com o intuito de levantar a crítica e o gosto do leitor.
 
Fonte: Trabalhos escolares/Infoescola

Trecho do Livro: Ensaio Sobre a Cegueira | José Saramago


O disco amarelo iluminou-se. Dois dos automóveis da frente aceleraram antes que o sinal vermelho aparecesse. Na passadeira de peões surgiu o desenho do homem verde. A gente que esperava começou a atravessar a rua pisando as faixas brancas pintadas na capa negra do asfalto, não há nada que menos se pareça com uma zebra, porém assim lhe chamam. Os automobilistas, impacientes, com o pé no pedal da embraiagem, mantinham em tensão os carros, avançando, recuando, como cavalos nervosos que sentissem vir no ar a chibata. Os peões já acabaram de passar, mas o sinal de caminho livre para os carros vai tardar ainda alguns segundos, há quem sustente que esta demora, aparentemente tão insignificante, se a multiplicarmos pelos milhares de semáforos existentes na cidade e pelas mudanças sucessivas das três cores de cada um, é uma das causas mais consideráveis dos engorgitamentos da circulação automóvel, ou engarrafamentos, se quisermos usar o termo corrente.

O sinal verde acendeu-se enfim, bruscamente os carros arrancaram, mas logo se notou que não tinham arrancado todos por igual. O primeiro da fila do meio está parado, deve haver ali um problema mecânico qualquer, o acelerador solto, a alavanca da caixa de velocidades que se encravou, ou uma avaria do sistema hidráulico, blocagem dos travões, falha do circuito eléctrico, se é que não se lhe acabou simplesmente a gasolina, não seria a primeira vez que se dava o caso. O novo ajuntamento de peões que está a formar-se nos passeios vê o condutor do automóvel imobilizado a esbracejar por trás do pára-brisas, enquanto os carros atrás dele buzinam frenéticos. Alguns condutores já saltaram para a rua, dispostos a empurrar o automóvel empanado para onde não fique a estorvar o trânsito, batem furiosamente nos vidros fechados, o homem que está lá dentro vira a cabeça para eles, a um lado, a outro, vê-se que grita qualquer coisa, pelos movimentos da boca percebe-se que repete uma palavra, uma não, duas, assim é realmente, consoante se vai ficar a saber quando alguém, enfim, conseguir abrir uma porta, Estou cego.
Ninguém o diria. Apreciados como neste momento é possível, apenas de relance, os olhos do homem parecem sãos, a íris apresenta-se nítida, luminosa, a esclerótica branca, compacta como porcelana. As pálpebras arregaladas, a pele crispada da cara, as sobrancelhas de repente revoltas, tudo isso, qualquer o pode verificar, é que se descompôs pela angústia. Num movimento rápido, o que estava à vista desapareceu atrás dos punhos fechados do homem, como se ele ainda quisesse reter no interior do cérebro a última imagem recolhida, uma luz vermelha, redonda, num semáforo. Estou cego, estou cego, repetia com desespero enquanto o ajudavam a sair do carro, e as lágrimas, rompendo, tomaram mais brilhantes os olhos que ele dizia estarem mortos. Isso passa, vai ver que isso passa, às vezes são nervos, disse uma mulher. O semáforo já tinha mudado de cor, alguns transeuntes curiosos aproximavam-se do grupo, e os condutores lá de trás, que não sabiam o que estava a acontecer, protestavam contra o que julgavam ser um acidente de trânsito vulgar, farol partido, guarda-lamas amolgado, nada que justificasse a confusão, Chamem a polícia, gritavam, tirem daí essa lata. O cego implorava, Por favor, alguém que me leve a casa. A mulher que falara de nervos foi de opinião que se devia chamar uma ambulância, transportar o pobrezinho ao hospital, mas o cego disse que isso não, não queria tanto, só pedia que o encaminhassem até à porta do prédio onde morava, Fica aqui muito perto, seria um grande favor que me faziam. E o carro, perguntou uma voz. Outra voz respondeu, A chave está no sítio, põe-se em cima do passeio. Não é preciso, interveio uma terceira voz, eu tomo conta do carro e acompanho este senhor a casa. Ouviram-se murmúrios de aprovação. O cego sentiu que o tomavam pelo braço, Venha, venha comigo, dizia-lhe a mesma voz. Ajudaram-no a sentar-se no lugar ao lado do condutor, puseram-lhe o cinto de segurança, Não vejo, não vejo, murmurava entre o choro, Diga-me onde mora, pediu o outro. Pelas janelas do carro espreitavam caras vorazes, gulosas da novidade. O cego ergueu as mãos diante dos olhos, moveu-as, Nada, é como se estivesse no meio de um nevoeiro, é como se tivesse caído num mar de leite, Mas a cegueira não é assim, disse o outro, a cegueira dizem que é negra, Pois eu vejo tudo branco, Se calhar a mulherzinha tinha razão, pode ser coisa de nervos, os nervos são o diabo, Eu bem sei o que é, uma desgraça, sim, uma desgraça, Diga-me onde mora, por favor, ao mesmo tempo ouviu-se o arranque do motor. Balbuciando, como se a falta de visão lhe tivesse enfraquecido a memória, o cego deu uma direcção, depois disse, Não sei como lhe hei-de agradecer, e o outro respondeu, Ora, não tem importância, hoje por si, amanhã por mim, não sabemos para o que estamos guardados, Tem razão, quem me diria, quando saí de casa esta manhã, que estava para me acontecer uma fatalidade como esta. Estranhou que continuassem parados, Por que é que não andamos, perguntou, O sinal está no vermelho, respondeu o outro, Ah, fez o cego, e pôs-se a chorar outra vez. A partir de agora deixara de poder saber quando o sinal estava vermelho.

Tal como o cego havia dito, a casa ficava perto. Mas os passeios estavam todos ocupados por automóveis, não encontraram espaço para arrumar o carro, por isso foram obrigados a ir procurar sítio numa das ruas transversais. Ali, como por causa da estreiteza do passeio a porta do assento ao lado do condutor ia ficar a pouco mais de um palmo da parede, o cego, para não passar pela angústia de arrastar-se de um assento ao outro, com a alavanca da caixa de velocidades e o volante a atrapalhá-lo, teve de sair primeiro. Desamparado, no meio da rua, sentindo que o chão lhe fugia debaixo dos pés, tentou conter a aflição que lhe subia pela garganta. Agitava as mãos à frente da cara, nervosamente, como se nadasse naquilo a que chamara um mar de leite, mas a boca já se lhe abria para lançar um grito de socorro, foi no último momento que a mão do outro lhe tocou de leve no braço, Acalme-se, eu levo-o. Foram andando muito devagar, com o medo de cair o cego arrastava os pés, mas isso fazia-o tropeçar nas irregularidades da calçada, Tenha paciência, já estamos quase a chegar, murmurava o outro, e um pouco mais adiante perguntou, Está alguém em sua casa que possa tomar conta de si, e o cego respondeu, Não sei, a minha mulher ainda não deve ter vindo do trabalho, eu hoje é que calhei sair mais cedo, e logo me sucede isto, Verá que não vai ser nada, nunca ouvi dizer que alguém tivesse ficado cego assim de repente, Que eu até me gabava de não usar óculos, nunca precisei, Então, já vê. Tinham chegado à porta do prédio, duas mulheres da vizinhança olharam curiosas a cena, vai ali aquele vizinho levado pelo braço, mas nenhuma delas teve a ideia de perguntar, Entrou-lhe alguma coisa para os olhos, não lhes ocorreu, e tão-pouco ele lhes poderia responder, Sim, entrou-me um mar de leite. Já dentro do prédio, o cego disse, Muito obrigado, desculpe o transtorno que lhe causei, agora eu cá me arranjo, Ora essa, eu subo consigo, não ficaria descansado se o deixasse aqui. Entraram dificilmente no elevador apertado, Em que andar mora, No terceiro, não imagina quanto lhe estou agradecido, Não me agradeça, hoje por si, Sim, tem razão, amanhã por si. O elevador parou, saíram para o patamar, Quer que o ajude a abrir a porta, Obrigado, isso eu acho que posso fazer. Tirou do bolso um pequeno molho de chaves, tacteou-as, uma por uma, ao longo do denteado, disse, Esta deve de ser, e, apalpando a fechadura com as pontas dos dedos da mão esquerda, tentou abrir a porta, Não é esta, Deixe-me cá ver, eu ajudo-o. A porta abriu-se à terceira tentativa. Então o cego perguntou para dentro, Estás aí. Ninguém respondeu, e ele, Era o que eu dizia, ainda não veio. Levando as mãos adiante, às apalpadelas, passou para o corredor, depois voltou-se cautelosamente, orientando a cara na direcção em que calculava encontrar-se o outro, Como poderei agradecer-lhe, disse, Não fiz mais que o meu dever, justificou o bom samaritano, não me agradeça, e acrescentou, Quer que o ajude a instalar-se, que lhe faça companhia enquanto a sua mulher não chega. O zelo pareceu de repente suspeito ao cego, evidentemente não iria deixar entrar em casa uma pessoa desconhecida que, no fim de contas, bem poderia estar a tramar, naquele preciso momento, como haveria de reduzir, atar e amordaçar o infeliz cego sem defesa, para depois deitar a mão ao que encontrasse de valor. Não é preciso, não se incomode, disse, eu fico bem, e repetiu enquanto ia fechando a porta lentamente, Não é preciso, não é preciso.
 
 
Suspirou de alívio ao ouvir o ruído do elevador descendo. Num gesto maquinal, sem se lembrar do estado em que se encontrava, afastou a tampa do ralo da porta e espreitou para fora. Era como se houvesse um muro branco do outro lado. Sentia o contacto do aro metálico na arcada supraciliar, roçava com as pestanas a minúscula lente, mas não os podia ver, a insondável brancura cobria tudo. Sabia que estava na sua casa, reconhecia-a pelo odor, pela atmosfera, pelo silêncio, distinguia os móveis e os objectos só de tocar-lhes, passar-lhes os dedos por cima, ao de leve, mas era também como se tudo isto estivesse já a diluir-se numa espécie de estranha dimensão, sem direcções nem referências, sem norte nem sul, sem baixo nem alto. Como toda a gente provavelmente o fez, jogara algumas vezes consigo mesmo, na adolescência, ao jogo do E se eu fosse cego, e chegara à conclusão, ao cabo de cinco minutos com os olhos fechados, de que a cegueira, sem dúvida alguma uma terrível desgraça, poderia, ainda assim, ser relativamente suportável se a vítima de tal infelicidade tivesse conservado uma lembrança suficiente, não só das cores, mas também das formas e dos planos, das superfícies e dos contornos, supondo, claro está, que a dita cegueira não fosse de nascença. Chegara mesmo ao ponto de pensar que a escuridão em que os cegos viviam não era, afinal, senão a simples ausência da luz, que o que chamamos cegueira era algo que se limitava a cobrir a aparência dos seres e das coisas, deixando-os intactos por trás do seu véu negro. Agora, pelo contrário, ei-lo que se encontrava mergulhado numa brancura tão luminosa, tão total, que devorava, mais do que absorvia, não só as cores, mas as próprias coisas e seres, tomando-os, por essa maneira, duplamente invisíveis.


Comentário:
O escritor português José Saramago, de 87 anos, tem 17 romances publicados. O mais famoso deles é O Ensaio Sobre a Cegueira, lançado em 1995, único livro em língua portuguesa a receber o Nobel de Literatura.
Premiada em 1998, a obra virou filme (Blindness), dirigido por Fernando Meirelles, em 2008. Entre os atores, Julianne Moore, Mark Ruffalo, Gael García Bernal, Danny Glover e Alice Braga.
Lista de romances do escritor:
Terra do Pecado, 1947
Manual de Pintura e Caligrafia, 1977
Levantado do Chão, 1980
Memorial do Convento, 1982
O Ano da Morte de Ricardo Reis, 1984
A Jangada de Pedra, 1986
História do Cerco de Lisboa, 1989
O Evangelho Segundo Jesus Cristo, 1991
Ensaio Sobre a Cegueira, 1995
A Bagagem do Viajante, 1996
Cadernos de Lanzarote, 1997
Todos os Nomes, 1997
A Caverna, 2001
O Homem Duplicado, 2002
Ensaio sobre a Lucidez, 2004
As Intermitências da Morte, 2005
As Pequenas Memórias, 2006

A Viagem Do Elefante, 2008
Fonte: http://www.oragoo.net/qual-a-lista-de-romances-de-jose-saramago/

 

O Romance


Romance é um tipo de história longa e complexa, com várias personagens. Ele permite que o leitor se aprofunde na trama e conheça bem cada um dos protagonistas dela.

Dentro de um romance podem existir histórias secundárias que ajudam a compor o caráter e a personalidade das personagens ou ajudam no entendimento do que se passa na história.

 Por possuir uma trama assim tão bem elaborada é praticamente indispensável o grande número de personagens. Geralmente os protagonistas são descritos de forma tão minuciosa que no fim do romance nos sentimos íntimos deles. A história dessas personagens principais é recheada com outras histórias que dão conteúdo a obra.

 A estrutura desse tipo de narrativa é complexa, já que não acomoda apenas um núcleo, mas várias tramas se desencadeiam durante a narração da história principal.

Ora perfeitamente delineados e identificáveis, ora desestruturados e camuflados, o enredo, as personagens, o espaço, o tempo, o ponto de vista da narrativa constituem os elementos estruturados do romance.

 
 
 
 
Comentário (Emily Cristini e Giovanna Kiill):
Um dos principais romancistas brasileiros é Graciliano Ramos, que com o romance Vidas Secas descreveu a luta pela sobrevivência de uma família de retirantes contra os flagelos da seca e a exploração e opressão do latifúndio. É o último romance do "Velho Graça".
Resgatando a sua importância literária, vemos em suas páginas a preocupação deste autêntico escritor brasileiro com as massas exploradas e oprimidas de nosso país e a sua atualidade e valor histórico.
Graciliano nasceu em 1893 em Quebrangulo, Alagoas, e morreu em 1953 de câncer no pulmão.
 
Fontes:
http://www.anovademocracia.com.br/no-46/1822-vidas-ainda-secas

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Conheça mais sobre a Literatura Fantástica



Como surgiu? O que é?

Na literatura, gênero ancestral, os povos imprimiram as imagens míticas que, ao longo dos séculos, permaneceram vinculadas à fé e ao ponto de vista de cada um. As histórias mitológicas evoluíram lado a lado com a filosofia e a expressão linguística, retratando a vida das divindades, dos protagonistas heróicos e de nossos ancestrais, enfim, dos modelos que habitam os arquétipos humanos.
Aos poucos, porém, com o desenvolvimento das civilizações e do pensamento científico, o sagrado perdeu sua importância central na história da humanidade; mas foi justamente nos relatos literários que ele sobreviveu, alimentando as tradições populares, se metamorfoseando, mudando de endereço, adaptando-se a novas formas e identidades.
Desta forma surgiram as narrativas conhecidas como contos de fadas, histórias maravilhosas ou folclóricas. Na análise destas modalidades é possível encontrar os elementos míticos básicos, mesmo que, agora, eles não mais revelem sua essência sacralizada.
A expressão ‘fantástico’ provém do latim ‘phantasticus’, termo que, na verdade, procede do grego ‘phantastikós’; os dois vocábulos têm o sentido de ‘fantasia’. Pode-se então definir a literatura fantástica como a narrativa que é elaborada pelo imaginário, por uma dimensão supostamente inexistente na realidade convencional.
Isto porque a literatura, por mais que se tente alicerçá-la no mundo concreto, ela sempre alça vôo e se aproxima muito mais da imaginação e da ficção. O gênero fantástico está povoado de ingredientes improváveis, fantasiosos e atualmente desvinculados do cotidiano humano. Esta categoria narrativa está inevitavelmente associada aos acontecimentos maravilhosos, na opinião do escritor argentino Jorge Luis Borges.
Embora os mitos, histórias folclóricas e contos de fadas sejam os elementos básicos da literatura fantástica, muitos englobam nesta modalidade as narrativas góticas, os relatos de terror, a ficção científica e os enredos que contenham doses de fantasia. Ainda inclusos neste gênero estão os sub-gêneros denominados RPGs – Role-Playing Games, jogos que envolvem encenações, nas quais cada participante interpreta um determinado papel, tendo como cenários esferas ligadas ao mundo da imaginação.
A Literatura Fantástica revela-se no Classicismo, tanto nas expressões Líricas quanto nas criações Épicas. Durante a Idade Média as concepções cristãs e pagãs se defrontam também nas canções e na poesia dos trovadores. Nesta época surgem igualmente os ‘romances viejos’, os quais derivariam para a literatura cortês e as novelas de cavalaria.
Nestas obras medievais é possível encontrar sem maiores dificuldades os famosos ingredientes do fantástico – seres heróicos, bruxos, aparições, animais fabulosos, objetos ligados à magia, criaturas elementais, conectados aos quatro elementos: as ninfas, silfos, elfos, goblins, duendes, gnomos, os quais habitam o ar, a água, a terra ou o fogo.

Exemplo 1: As Crônicas de Nárnia


A série escrita pelo autor britânico C.S.Lewis, conta com sete livros de fantasia e é considerada um clássico da literatura infantil. Traduzida em 41 idiomas, as Crônicas de Nárnia foram adaptadas diversas vezes para rádio, televisão, teatro e cinema. Além dos tradicionais temas cristãos, a série usa caracteres da mitologia grega e nórdica, bem como os tradicionais contos de fadas. As Crônicas de Nárnia apresentam, geralmente, as aventuras de crianças que desempenham um papel central e descobrem o ficcional Reino de Nárnia, um lugar onde a magia é corriqueira, os animais falam, e ocorrem batalhas entre o bem e o mal. Em todos os livros (com exceção de "O Cavalo e seu Menino") os personagens principais são crianças de nosso mundo, que são magicamente transportadas para Nárnia a fim de serem ajudadas e instruídas pelo Grande Leão conhecido como Aslam (ouAslan, dependendo da tradução).

Exemplo 2: A Fúria dos Reis


Escrita pelo norte-americano George R. R. Martin, A fúria dos reis é o segundo livro da série de fantasia épica As Crônicas de Gelo e Fogo. A história começa onde A Game of Thrones terminou. Os Sete Reinos de Westeros estão em uma guerra civil, enquanto a Patrulha da Noite monta uma força de reconhecimento ao Norte da Muralha para investigar as pessoas misteriosas, conhecidos como selvagens, que lá vivem. Enquanto isso, no distante Leste, Daenerys Targaryen continua sua busca para retornar e conquistar os Sete Reinos.

Fonte: Info Escola

Comentário: A literatura fantástica faz bastante sucesso atualmente pelo mundo, sendo considerada uma literatura que ultrapassa a realidade e é lida pela grande massa. O fato de ir por algum tempo à outro mundo é a grande graça dessa literatura envolvente que faz nossa mente viajar nos nossos sonhos.

Por Thaís Raposo dos Santos

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Shakespeare interativo


Glossários, áudio e vídeo acompanham versão digital das obras

William Shakespeare agora faz parte da interatividade digital. A editora norte-americana SourceBooks lançou três peças do dramaturgo adaptadas em e-books interativos para iPad.
Além do texto original, as trágicas histórias de Otelo, Hamlet e Romeu & Julieta agora vêm acompanhadas de glossários, trechos de áudio e vídeo de suas encenações mais famosas, fotografias e artigos.
Comercializados pelo Itunes, loja virtual da Apple, os livros digitais foram desenvolvidos com acompanhamento de estudiosos do dramaturgo e visam enriquecer e facilitar a experiência de estudantes não-iniciados na obra do autor inglês.  Cada peça sai a US$9,99 (aproximadamente R$20).

Fonte: http://revistacult.uol.com.br/home/

Comentário: Essa é uma ótima ferramenta de incentivo à leitura, já que muitos jovens não leem os clássicos por acharem de difícil compreensão. A tecnologia se mostra uma grande aliada à cultura e à educação nesse sentido. 

Brasil na Feira de Frankfurt



Governo investe R$20 milhões no evento, que homenageia o país em 2013


A Alemanha será invadida pela cultura brasileira em 2013. País convidado na Feira do Livro de Frankfurt, o Brasil planeja investir R$20 milhões em uma programação cultural que deverá englobar, além da participação de autores brasileiros nas diversas feiras de livros do país ao longo do ano, apresentações de dança, música e teatro.
A iniciativa faz parte da política do MinC de internacionalizar a literatura brasileira até 2020, e também contempla uma grande exposição de arte, concebida pelos cenógrafos Daniela Thomas e Felipe Tassara, com o objetivo de refletir a força da criação artística no país. Além disso, o Museu de Arte Moderna de Frankfurt e o Jardim Palmengarten receberão, no mesmo ano, obras de Hélio Oiticica.
Frankfurt também ganhará variadas “estações brasileiras” – pontos de cultura espalhados por diferentes espaços da cidade -, além de apresentações da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e do pianista Nelson Freire.
Neste domingo (14/10), dia do encerramento da feira deste ano, o escritor Milton Hatoum recebeu o bastão da Nova Zelândia, homenageado desta edição.

Comentário: Mais uma chance para o Brasil atravessar as fronteiras espalhando sua cultura. A Literatura do nosso país é riquíssima e precisa ganhar mais espaço para divulgação, não só para os de fora, mas principalmente para os daqui. O destaque na Feira do Livro de Frankfurt em 2013 mostra a importância e o valor do que é produzido aqui, e pode fazer com que nossa cultura seja mais valorizada por nós mesmos.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012


A Estrada da Noite - Joe Hill

Quando comecei a ler este livro achei um pouco chato, mas sempre que começo a ler um livro não tenho a intenção de parar de ler até chegar no final, e acabei ficando surpreso com a história depois de cada página folheada, comecei a mergulhar na história e não queria parar de ler mais, um livro empolgante.
Sinopse - A Estrada da Noite - Joe Hill
Uma lenda do rock pesado, o cinqüentão Judas Coyne coleciona objetos macabros: um livro de receitas para canibais, uma confissão de uma bruxa de 300 anos atrás, um laço usado num enforcamento, uma fita com cenas reais de assassinato. Por isso, quando fica sabendo de um estranho leilão na internet, ele não pensa duas vezes antes de fazer uma oferta.
“Vou ´vender´ o fantasma do meu padrasto pelo lance mais alto…”
Por 1.000 dólares, o roqueiro se torna o feliz proprietário do paletó de um morto, supostamente assombrado pelo espírito do antigo dono. Sempre às voltas com seus próprios fantasmas - o pai violento, as mulheres que usou e descartou, os colegas de banda que traiu -, Jude não tem medo de encarar mais um.
Mas tudo muda quando o paletó finalmente é entregue na sua casa, numa caixa preta em forma de coração. Desta vez, não se trata de uma curiosidade inofensiva nem de um fantasma imaginário. Sua presença é real e ameaçadora.
O espírito parece estar em todos os lugares, à espreita, balançando na mão cadavérica uma lâmina reluzente - verdadeira sentença de morte. O roqueiro logo descobre que o fantasma não entrou na sua vida por acaso e só sairá dela depois de se vingar. O morto é Craddock McDermott, o padrasto de uma fã que cometeu suicídio depois de ser abandonada por Jude.
Numa corrida desesperada para salvar sua vida, Jude faz as malas e cai na estrada com sua jovem namorada gótica. Durante a perseguição implacável do fantasma, o astro do rock é obrigado a enfrentar seu passado em busca de uma saída para o futuro. As verdadeiras motivações de vivos e mortos vão se revelando pouco a pouco em A estrada da noite - e nada é exatamente o que parece.

O livro tem 317 páginas, publicado no ano 2007 pela editora Sextante.

Comentário:

Na minha opinião o livro tem um enredo bem divertido, com algumas partes engraçadas.
Pode ter certeza que vai se distrair lendo A Estrada da Noite, pois consegui terminar de ler ele em um dia apenas, nem queria sair do quarto para beber água, depois tentei convencer a minha irmã de ler também, porém ela não curtiu muito por ter algumas partes sobre sexo.
Para quem gosta de histórias de suspense e terror vai gostar do livro, a leitura é prazerosa. O livro tem partes que podem assustar um pouco, por isso prende a sua atenção.
Lógico que o livro é bom, foi escrito por Joe Hill, filho de Stephen King, o mestre dos contos de horror. 


Michael Taguchi.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Ana Maria Machado ganha Prêmio Ibero-americano de Literatura Infantil e Juvenil de 2012


A presidente da Academia Brasileira de Letras, Ana Maria Machado, foi vencedora do Prêmio Ibero-americano de Literatura Infantil e Juvenil de 2012. Ela receberá US$ 30 mil pela conquista na Feira Internacional do Livro de Guadalajara, no México, no dia 27 de novembro.
Esta é a segunda vez que um escritor brasileiro recebe o prêmio, criado em 2005. O primeiro ganhador do País foi Bartolomeu Campos de Queirós, em 2008. Ana Maria Machado está no momento na França, onde participa de um colóquio internacional em sua homenagem, como convidada da Universidade Blaise Pascal, em Clermont-Ferrand.
Comentário: Ana Maria Machado mostrou porque é a presidente da Academia Brasileira de Letras e faturou o prêmio com categoria e qualidade. Assim, o Brasil conquista cada vez mais espaço no mundo da literatura.
Fonte: Estadão - Radar Cultural

Por Thaís Raposo dos Santos

domingo, 7 de outubro de 2012

Morre, aos 69 anos, o poeta peruano Antonio Cisneros


O poeta peruano Antonio Cisneros, ganhador de diversos prêmios nacionais e internacionais, morreu neste sábado (6) aos 69 anos, informaram seus familiares.
Cisneros, que também era jornalista, roteirista e professor, era considerado o representante mais importante da "geração de 1960" da literatura peruana e foi condecorado como o Prêmio Ibero-Americano de Poesia Pablo Neruda 2010, a mais alta distinção concedida pelo governo chileno a um poeta da região.
Cisneros será recordado por obras como "Comentarios Reales de Antonio Cisneros" (1964), vencedora do Prêmio Nacional de Poesía, "Canto Ceremonial contra un Oso Hormiguero" (1968), agraciado com o Casa de las Américas, "Agua que no Has de Beber" (1971) e "Postales Para Lima" (1991), entre otras.

O poeta peruano Antonio Cisneros
O poeta peruano Antonio Cisneros

Sua obra é caracterizada por toques de "ironia e inteligência" e tem uma "personalidade muito sensível à contemporaneidade", segundo o júri do Prêmio Neruda. Foi condecorado também pelo Ministério Francês da Cultura, com a Ordre des Arts et des Lettres.
No Brasil, Cisneros publicou "Sete Pragas Depois" (Cosac Naify).

Comentário: Infelizmente é uma enorme perda para a literatura peruana. Antonio usava sua grande inteligência para dar um ar especial aos seus textos incomparáveis.

Fonte: Folha Online - Ilustrada

Por Thaís Raposo dos Santos

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Conheça a ilha que inspirou 'Robinson Crusoé'

A ilha Robinson Crusoé é a maior do arquipélago Juan Fernandez, no litoral do Chile.

O nome dá a pista: ela foi a inspiração para a famosa obra de Daniel Defoe.

Em 1704, um navio pirata navegava pela região quando um jovem escocês, Alexander Selkirk, se desentendeu com o capitão e pediu para desembarcar.
Selkirk observou o navio partir e acabou vivendo na ilha por quatro anos, até que outro navio britânico lhe deu uma carona de volta para casa.

De volta a Londres, ele virou uma celebridade. O escritor Daniel Defoe ouviu a história e a usou como base para criar o livro Robinson Crusoé.

Fonte: Estadão - BBC

Manuscrito de 36 m do livro 'On The Road' será exposto em Londres

 


Biblioteca Britânica mostrará ao público pela primeira vez em Londres texto original de Kerouac


A Biblioteca Britânica mostrará ao público pela primeira vez em Londres o manuscrito de 36 metros de comprimento do livro On The Road, assinado por Jack Kerouac, como parte de uma exposição que será inaugurada nesta quinta-feira, 4.

 
Escritor americano escreveu o livro em apenas três semanas - Reprodução
Reprodução
Escritor americano escreveu o livro em apenas três semanas


A mostra, intitulada On The Road: Jack Kerouac's Manuscript Scroll, explora o desenvolvimento do livro, que define a chamada Geração Beat dos anos 50 e que se transformou em um clássico da literatura americana do pós-guerra.

Em abril de 1951, o escritor americano escreveu a ritmo frenético, em apenas três semanas, seu livro em rolos de papel, ou seja, em folhas coladas com fita adesiva. Neste caso, a ideia de Kerouac era evitar uma troca de página e, por consequência, uma quebra em sua linha de raciocínio e criatividade.

A partir de 2004, esses "36 metros de livro" passaram a ser expostos em diversas cidades dos Estados Unidos e da Europa. No entanto, essa será a primeira vez que a obra será exposta em Londres e, por isso, a Biblioteca Britânica desenhou um lugar específico para poder exibir esse "papiro caseiro" ao público, que, por sua vez, poderá contemplar o raro manuscrito até o dia 27 de dezembro.

Segundo o curador da coleção dos EUA da Biblioteca Britânica, Matthew Shaw, o rolo de papel, que traz evidentes diferenças com o texto publicado, será acompanhado pelas primeiras edições de outros clássicos da Geração Beat, como Almoço Nú, de William Burroughs.

Nesta exposição, os visitantes também poderão conferir raras gravações sonoras de Kerouac, Allen Ginsberg, Burroughs e outras figuras proeminentes desse movimento de escritores americanos da década dos 50, todos extraídos do Arquivo de Som da Biblioteca Britânica.

Entre esses documentos sonoros, aparece uma gravação privada do escritor Neal Cassidy, o modelo empregado por Kerouac para compor o personagem Dean Moriarty, durante uma leitura de Proust.

"Estamos realmente encantados por dar boas-vindas ao famoso manuscrito de 36 metros de Jack Kerouac, que chega pela primeira vez em Londres", afirmou Shaw.

A inauguração da mostra será realizada poucos dias antes da estreia de Na Estrada, a adaptação cinematográfica, assinada por Walter Salles, que estreará no Reino Unido somente a partir do dia 12 de outubro.

On the Road narra a viagem de Sal Paradise e Dean Moriarty - versões fictícias do próprio Kerouac e de seu amigo escritor Neal Cassidy - na busca por novas experiências pelas estradas dos EUA e do México no início dos anos 50.

Fonte:  Estadao - Cultura

Jéssica Lemos

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Novo livro de J.K. Rowling


'The casual vacancy', já faz sucesso no Reino Unido.



O primeiro romance para adultos da escritora britânica J.K.Rowling, "The casual vacancy", que foi lançado na última semana, já aparece na primeira posição dos livros de ficção mais vendidos no Reino Unido.
Segundo a lista da Nielsen BookScan, empresa que recopila as informações fornecida pelas livrarias, a obra da criadora das aventuras de Harry Potter vendeu 124.603 cópias nos primeiros três dias após seu lançamento no dia 27 de setembro.
Desta forma, "The casual vacancy" passou a ser o livro de vendagem mais rápida desde a obra "O símbolo perdido", de Dan Brown, que em 2009 alcançou 550 mil cópias em sua primeira semana nas livrarias.
A nova história da escritora britânica se ambienta em um pequeno povoado imaginário, intitulado Pagford, e começa a partir da morte inesperada do personagem Barry Fairweather, de 40 anos.
J.K. Rowling vendeu 20 vezes mais cópias que a obra "The power trip", de Jackie Collins, no mesmo período de tempo, sendo que "The casual vacancy" aparece, por enquanto, na 15ª posição entre os livros mais vendidos do ano.
No entanto, como se esperava, o novo livro de J.K. Rowling não repete o mesmo êxito das aventuras de Harry Potter, que chegaram a vender mais de 2 milhões de cópias na primeira semana de após seu lançamento.
De acordo com um porta-voz da Nielsen BookScan, o valor das vendas de "The casual vacancy" já supera os US$ 384 milhões. Os críticos receberam bem o livro, embora tenham reconhecido que não se trata de uma obra prima.
J.K. Rowling enfrenta pela primeira vez os leitores adultos depois de 15 anos após publicar o primeiro episódio da saga de Harry Potter, obra que foi traduzida para 73 idiomas e vendeu 450 milhões de cópias em mais de 200 países.
Fonte: http://g1.globo.com/pop-arte
Emily  Christini e Giovanna Kill 



Arte e literatura: Thomas Allen cria efeito 3D em livros

Inicialmente, Allen usava capas de romances conhecidos como pulp fiction, livros impressos em papel de baixa qualidade a partir do início da década de 1920 (Foto: Thomas Allen)
Inicialmente, Allen usava capas de romances conhecidos como pulp fiction, livros impressos em papel de baixa qualidade a partir do início da década de 1920 (Foto: Thomas Allen)
O fotógrafo americano Thomas Allen faz personagens saltarem de romances antigos e livros de todo tipo, criando cenas em três dimensões. Para conseguir o efeito, ele recorta os desenhos ou silhuetas com um estilete e posiciona a figura para formar uma cena, antes de fotografá-la.
Inicialmente, ele usava capas de romances conhecidos como pulp fiction, livros impressos em papel de baixa qualidade a partir do início da década de 1920.
'Me sinto muito privilegiado em poder ser parte deste projeto e ver o trabalho nas paredes foi definitivamente um ponto alto de minha carreira', disse Allen (Foto: Thomas Allen)
'Me sinto muito privilegiado em poder ser parte deste projeto e ver o trabalho nas paredes foi definitivamente um ponto alto de minha carreira', disse Allen (Foto: Thomas Allen)
"Eu comecei a usar este tipo de livros porque eles eram de um período muito interessante da cultura pop, quando as imagens das capas eram usadas para vender livros e a variedade de expressões, emoções e personagens era enorme", disse Allen.
Depois, o trabalho se ampliou e ele começou a receber encomendas. Em uma das mais recentes, Allen foi convidado a fazer fotos 'positivas e edificantes' inspiradas em clássicos infantis, para decorar as paredes do Centro Charlotte R. Bloomberg para Crianças e o prédio Sheikh Zayed bin Sultan Al Nahyan do Hospital Johns Hopkins.


O fotógrafo escolheu 'Tudo Depende De Como Você Vê as Coisas', o clássico de 50 anos de Norton Juster, 'Stuart Little', de E. B. White, e 'Hoops', de Walter Dean Myer.
Para conseguir o efeito, ele recorta os desenhos ou silhuetas com um estilete e posiciona a figura para formar uma cena (Foto: Thomas Allen)
Para conseguir o efeito, ele recorta os desenhos ou silhuetas com um estilete e posiciona a figura para formar uma cena (Foto: Thomas Allen)
Baseando-se em personagens e ideias contidos nas obras, ele criou silhuetas que eram então recortadas das páginas de livros.
O fotógrafo americano Thomas Allen faz personagens saltarem de romances antigos e livros de todo tipo, criando cenas em três dimensões (Foto: Thomas Allen)
O fotógrafo americano Thomas Allen faz personagens saltarem de romances antigos e livros de todo tipo, criando cenas em três dimensões (Foto: Thomas Allen)

Comentário: A literatura atualmente não está presente somente nas histórias, nos livros comuns... Com a tecnologia cada vez mais em alta, surgem propostas diferentes e agradáveis para os amantes literários. Achei diferente e interessante a ideia do Thomas Allen!

Fonte: G1 - Mundo

Por Thaís Raposo dos Santos

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Rubem Fonseca recebe o Prêmio Ibero-Americano Manuel Rojas

escritor Rubem Fonseca foi o vencedor da primeira edição do Prêmio Ibero-Americano de Narrativa "Manuel Rojas", promovido pelo governo do Chile, informou nesta sexta-feira o Ministério da Cultura chileno.
O prêmio tem como objetivo destacar a criação literária de um autor ibero-americano e leva o nome do escritor chileno Manuel Rojas (1896-1973), um dos mais consagrados e prolíficos autores do país.
A premiação equivale, no campo da narrativa, ao Prêmio Ibero-americano de Poesia Pablo Neruda, adotado em 2004 e, da mesma forma que ele, oferece a quantia de US$ 60 mil ao vencedor.

O escritor Rubem Fonseca assiste a performance da escritora Paula Parisot na Livraria da Vila
O escritor Rubem Fonseca assiste a performance da escritora Paula Parisot na Livraria da Vila
O ministro da Cultura, Luciano Cruz-Coke, que participou do júri, destacou a relevância de Fonseca (Minas Gerais, 1925), autor de aproximadamente 50 romances e livros de contos que lhe garantiram reconhecimento internacional desde 1973, quando publicou "O caso Morel".
Antes já havia publicado várias coleções de contos e alguns romances, entre eles o elogiado "Lúcia McCartney" (1967).
Fonseca "influenciou fortemente" a narrativa Ibero-Americana, com um olhar sempre atento e crítico à realidade social contemporânea, afirmou Cruz-Coke.
Esse aspecto, para o ministro chileno, emparelha sua obra com a de Manuel Rojas, e por isso o prêmio também é uma forma de homenagear o autor que o batiza.
"Temos certeza de que esse prêmio fortalecerá ainda mais as relações culturais com o Brasil e permitirá uma maior difusão da literatura desse país irmão", apostou o titular da pasta.
"A grande arte" (1983), "Vastas emoções e pensamentos imperfeitos" (1988) e "Agosto" (1990) são as principais obras de Fonseca no século passado, enquanto "Diário de um Fescenino" (2003), "O Seminarista" (2009) e "José" (2011) se destacaram nos últimos anos.
Na literatura, Rubem Fonseca já havia recebid o Prêmio Camões (2003), o mais prestigiado em língua portuguesa, e o Prêmio FIL Guadalajara 2003.

Comentário: Rubem Fonseca é um dos grandes ícones da literatura brasileira que ainda é vivo e merece um grande destaque. Ganhar o prêmio Ibero-Americano de Narrativas é uma enorme conquista, além de ter ganho em outro País, o autor faz críticas à realidade social, o que acho fascinante!

Fonte: Folha de S. Paulo - Ilustrada

Por Thaís Raposo dos Santos

Crônica: O Homem Nu.

O homem nu. 

Ao acordar, disse para a mulher:
— Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa.  Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum.
— Explique isso ao homem — ponderou a mulher.
— Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém.   Deixa ele bater até cansar — amanhã eu pago.
Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão.  Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.
Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos:
— Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa.
Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.
Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os andares...  Desta vez, era o homem da televisão!
Não era. Refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão:
— Maria, por favor! Sou eu!
Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. Os passos na escada se aproximavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o elevador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lanço de escada. Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão.
Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer.
— Ah, isso é que não!  — fez o homem nu, sobressaltado.
E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pêlo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido... Percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado Regime do Terror!
— Isso é que não — repetiu, furioso.
Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a parar.  Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a momentânea ilusão de que sonhava. Depois experimentou apertar o botão do seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador.  Antes de mais nada: "Emergência: parar". Muito bem. E agora? Iria subir ou descer?  Com cautela desligou a parada de emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o elevador subir. O elevador subiu.
— Maria! Abre esta porta! — gritava, desta vez esmurrando a porta, já sem nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abria atrás de si.
Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente cobrir-se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho:
— Bom dia, minha senhora — disse ele, confuso.  — Imagine que eu...
A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:
— Valha-me Deus! O padeiro está nu!
E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:
— Tem um homem pelado aqui na porta!
Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:
— É um tarado!
— Olha, que horror!
— Não olha não! Já pra dentro, minha filha!
Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do banho. Poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na porta.
— Deve ser a polícia — disse ele, ainda ofegante, indo abrir.
Não era: era o cobrador da televisão.


Fernando Sabino.


Comentário: ( Por Emily Christini e Giovanna Kill )

A crônica citada a cima de Fernando Sabino retirada do livro " O homem nu " é uma das grandes obras deste cronista nascido em BH. 
Podemos dizer que a crônica é uma reflexão sobre algum fato, acontecimento. Sendo diferente de alguma reportagem, mesmo sendo muito utilizada em jornais e revistas, tendo um espaço para não informar e sim para fazer as pessoas refletirem sobre o acontecimento. 

A estrutura da crônica pode ser comparada com um conto, tendo que ter uma apresentação, desenvolvimento e fim
Os cronistas procuram descrever os eventos relatados na crônica de acordo com a sua própria visão crítica dos fatos, muitas vezes através de frases dirigidas ao leitor, como se estivesse estabelecendo um diálogo. Alguns tipos de crônicas são a jornalística, humorística, histórica, descritiva, narrativa, dissertativa, poética e lírica.