domingo, 24 de março de 2013

Conheça a invasão que está mudando o centro de SP



Foto: Divulgação
A região central de São Paulo está sendo ocupada. Por arte, música e, principalmente, pessoas, que estão saindo de suas casas e transformando as ruas da região - degradada e marcada pelo abandono - em espaço de intervenção e troca. Essa ocupação se manifesta de diversas formas: nas festas e protestos políticos que levam pessoas às Praças Roosevelt e Dom José Gaspar, nos coletivos de artistas que se instalaram em casarões nos Campos Elísios ou nas galerias que escolheram o Vale do Anhangabaú como base. "O centro está voltando a ser palco de encontro dos diferentes", avalia o urbanista e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo Fábio Mariz Gonçalves.
Para os que já trabalham na região há algum tempo, a (re)tomada não é nova, mas todos concordam que se intensificou no último ano. O exemplo mais cabal é o Festival Baixo Centro, que acontece entre 5 e 14 de abril. Em sua segunda edição, o festival quintuplicou de tamanho: 530 projetos se inscreveram para fazer parte da programação.
"Descobrimos que somos mais gente inquieta do que imaginávamos. Mas não apenas o número surpreende, também a variedade e a poética de propostas pensadas ou adaptadas para a rua", explica Andressa Vianna, uma das colaboradoras do Baixo Centro. Colaborativo por princípio, o festival se baseia na internet e nas redes sociais para a divulgação e arrecadação dos R$ 62,5 mil necessários para a realização de todas as atividades.
É pela rede também que os participantes se conectam a outros movimentos que estão "invadindo" as ruas, como o Existe Amor Em SP. "A ocupação é feita em várias frequências, respeitando as autonomias de cada um e tentando somar esforços", afirma Pablo Capilé, do Fora do Eixo, um dos coletivos mais atuantes na capital.
Praça Roosevelt


Vizinhos. Exemplo usado por absolutamente todos os entrevistados, a Praça Roosevelt serve como alerta para que a ocupação seja feita com o apoio e a colaboração dos vizinhos. Por isso, as ações, geralmente, terminam antes das 22h e recomenda-se que as pessoas cuidem do lixo que produzem. "Temos que achar um modo de fazer sem causar incômodo. Quando fazemos as coisas na rua estamos fazendo para o bem da cidade, ajudando a revitalizar", diz o alemão Thomas Haferlach, idealizador do Voodoohop, um dos coletivos que organiza, entre outras festas, o Domingão no Minhocão, que leva música ao elevado.
Há quatro anos na Rua Rêgo Freitas, a Matilha Cultural estabeleceu, desde o início, diálogo com os moradores. Além de serem convidados para os eventos do centro cultural, eles também inspiraram algumas atividades. "A ocupação pela ocupação não é o ideal, é necessário agregar informações. Ocupar é revitalizar por meio das pessoas", diz Rebeca Lerer, diretora da Matilha.
De fato, humanizar parece ser a palavra de ordem de todos os coletivos. "São Paulo pode ser uma cidade fértil e as ruas podem ser mais coloridas. É preciso demonstrar que existem pessoas neste asfalto", resume Thiago Carrapatoso, do Festival Baixo Centro.

Fonte: Estadão

Comentário: A união dos moradores faz toda a diferença. O diálogo estabelecido há 4 anos faz com que as atividades sejam um sucesso.

Por Thaís Raposo dos Santos

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