terça-feira, 14 de maio de 2013

Instituição brasileira traz músicos de todo o mundo para ensinar música clássica a jovens



A sala repleta de alunos de 16 a 30 anos desafia a crença popular de que jovem acha chato ouvir – ou pior, tocar – música erudita. Mas nas aulas coletivas espalhadas pela Escola de Música do Estado de São Paulo (Emesp), na Santa Ifigênia, região central, alguns dos melhores músicos da atualidade passam um pouco do que sabem a estudantes ávidos por aprimorar a técnica. São as chamadas masterclasses, promovidas pelo Mozarteum Brasileiro, instituição sem fins lucrativos que traz grandes orquestras do mundo para se apresentar no País.
“Todo mundo que vem sabe que precisa dar aulas para nós. E eles aceitam com muito prazer”, diz a presidente da instituição, Sabine Lovatelli. Além da oportunidade de conviver com esses mestres, quem se destaca nas aulas é indicado a bolsas de estudo no exterior.
A instrumentista Fruzsina Hara, especialista em trompete barroco, lecionou pela primeira vez para brasileiros em uma masterclass no início de abril e ficou surpresa com o nível técnico dos alunos. “Não esperava que a sala ficasse cheia, que tivessem tanto interesse”, disse. Ela é da Camerata Bern, uma das principais orquestras de câmara da Europa, que abriu a temporada deste ano de apresentações do Mozarteum.
Professor do Projeto Guri, programa do governo estadual que oferece cursos de iniciação e teoria musical, o trompetista Heber Olivetti, de 28 anos, gosta de frequentar masterclasses. “É bom ter aulas com músicos porque eles não passam teoria, mas a prática.”
Europa
Mandar bem em uma masterclass pode ser o primeiro passo para ganhar bolsa de estudos no exterior. O Projeto Mozarteum, braço social do Mozarteum Brasileiro, já enviou 78 jovens para as mais renomadas escolas do mundo – neste ano, deve patrocinar mais 16 alunos. O candidato precisa demonstrar aptidão, técnica e muito empenho, diz a presidente da instituição. Segundo Sabine, as bolsas podem ser para quem quer estudar um instrumento ou a música erudita em geral.
O paulistano Renato Longo começou a se interessar por música ainda criança, na fanfarra da escola. Hoje, aos 25 anos, o trompetista é bacharel em Música pela Faculdade Santa Marcelina e, com bolsa do Mozarteum, fez mestrado em Performance na Universidade de Artes e Música de Frankfurt, na Alemanha.
“Recebi a bolsa porque me destaquei no Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, em 2005, e fui enviado para participar de um festival na Bavária em 2006”, conta. Ele foi convidado a voltar ao mesmo festival alemão em 2007 e atualmente mora em Frankfurt, onde faz uma especialização na International Ensemble Modern Academy.
Concertos
Além das bolsas, o Mozarteum também apoia jovens músicos ao incluir orquestras jovens na programação da temporada aberta ao público. Em 2012, a Orquestra Jovem do Estado tocou ao lado da Orquestra Sinfônica Alemã de Berlim, ao ar livre, no Parque do Ibirapuera. Esse encontro levou a orquestra europeia a abrir vaga para um bolsista brasileiro, o primeiro na história da instituição.
O Mozarteum também indica todo ano, desde 2010, uma orquestra jovem para tocar em um festival internacional fora do País. Nomes como a Neojibá, da Bahia, e a Orquestra Sinfônica Heliópolis, de São Paulo, já fizeram parte dessa iniciativa. Em agosto de 2013, a Orquestra Jovem do Estado voltará à Europa, dessa vez como convidada do Festival Young Euro Classic, em Berlim.
Fonte: Estadão
Comentário:  Esse projeto mostra claramente que a ideia de que jovem e música erudita não se dão bem está errada. O melhor da arte é o poder de falar a todas as faixas etárias, todas as classes sociais, independente do gênero. 

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