Trechos extraídos da obra de Ana Paula Machado Velho
A
Semiótica da Cultura (SC) possui correntes de estudos diversas. Uma delas é de
origem russa. Desenvolveu-se a partir de um grupo significativo de
pesquisadores e ficou conhecida como a Escola de Tártu-Moscou (ETM).
Os
pesquisadores da ETM entendem a cultura como linguagem. Para eles, linguagem é
“o elo que une domínios diferentes da vida no planeta”[1].
Por isso, aplicaram-se em compreender toda e qualquer linguagem, todas as
formas de expressão, que vão além da esfera social, estão na cultura e abarcam
todos os aspectos da vida. São fenômenos que conformam a cultura e, por isso,
os russos se puseram a entender como se manifestam, como produzem significado
no cotidiano. Perguntavam-se: se as linguagens são sistemas de signos, que regras
regem a vida delas e sua ação na cultura? Como se conformam, se constroem?
A
proposta da semiótica de extração russa é descrever, no sentido de demarcar, os
elementos inerentes às diferentes manifestações da cultura, às quais chamam de
textos. Como esses elementos se relacionam nos movimento de formação de
sentido? Este é um aspecto prático, técnico, que se tornou ferramenta para a
elaboração desta pesquisa, que tem o objetivo de analisar o processo de
reconfiguração ou tradução (como será visto mais a frente) de uma manifestação
cultural, o jornalismo científico, para o ciberespaço; quer-se propor uma
linguagem (signos de diferentes códigos organizados sob regras, sob uma
sintaxe) que o potencialize neste novo ambiente.
Irene
Machado lembra que quando se fala em semiótica russa, há um enorme referencial
de autores que vêm a tona nos anos 60. Esse grupo se desloca da tradição
lingüística russa, que tem seus expoentes em Roman Jakobson e
Mikhail Bakhtin. Jakobson foi quem se empenhou no “estudo da língua como
fenômeno da comunicação”[2]
e ficou conhecido como semioticista da lingüística e da poética. Mikhail
Bakhtin foi o teórico dos gênero literários, tinha preocupação com a natureza
da linguagem, literária ou não. Trouxe à tona conceitos importantes como o
conceito de “polifonia” e “dialogismo”, que ficaram célebres como marcas do seu
pensamento.
Os
semioticistas da Escola de Tartu-Moscou (ETM), porém, sistematizaram uma
metodologia que vinha descrever o mundo das representações além da língua. Eles
entendiam que as inúmeras formas de expressão fazem parte de um conglomerado
sígnico que ia além “da codificação gráfico-visual do alfabeto verbal”[3],
a cultura se realiza em sistemas de sígnicos de diferentes naturezas: o
gestual, o visual, o sonoro, o arquitetônico.
Para
entender esta perspectiva, em primeiro lugar, é preciso entender a definição de
cultura. Para a ETM, cultura é memória não-genética, é aquele conjunto de
informações que os grupos sociais acumulam e transmitem por meio de diferentes
manifestações do processo da vida, como a religião, a arte, o direito (leis),
formando um tecido, um “continuum
semiótico”[4]
sobre o qual se estrutura o mecanismo das relações cotidianas. A cultura é, na
visão ETM, inteligência coletiva um sistema de “proibições e prescrições”[5]
que molda a dinâmica da vida social, mas leva em consideração não só os
aspectos do socius, mas todos os
fenômenos que incidem sobre a consciência coletiva. São programas de
comportamento que permitem converter acontecimentos em conhecimento. As
informações da natureza e dos fenômenos históricos e ambientais vão inferindo
consciência no grupo social e se transformam de não-cultura (informação não
processada) em cultura (sistemas com organização) passam a fazer parte da
memória coletiva: um dado signo ganha um só significado para um dado grupo. “A
memória [...] é assegurada, em primeiro lugar, pela presença de alguns textos
constantes e, em segundo lugar, pela unidade dos códigos ou por sua invariância
ou pelo caráter ininterrupto e regular de sua transformação”[6].
E este processo de conformação cultural é “um gerador magnificamente organizado
de linguagens [...] prestam à humanidade um serviço insubstituível” ao
organizar os aspectos complexos e ainda não de todo claros do conhecimento
humano”[7].
Nas palavras de Irene Machado, “do ponto de vista da semiótica, a cultura é
[...] um mecanismo supra-individual de conservação e transmissão de certos
comunicados (textos) e elaboração de outros novos”[8].
A cultura “não é um depósito, mas um mecanismo, organizado e complexo, que
recebe, traduz, compacta e interpreta a materialidade produtiva que adota a
função de signos”[9].
A
ETM, na verdade, surgiu de debates que passaram a ser feitos sobre escritos que
vinham isoladamente sendo publicados em algumas universidades russas em Moscou,
Leningrado (atual São Petesburgo) e Tártu, na República da Estônia. Entre os
grandes nomes da Escola estão: Ivanov, Piatigórski, Topórov, Uspiênski e,
especialmente, Lótman, que se tornou um expoente e um aglutinador do grupo. Os
debates eram feitos em seminários de verão, nos quais as idéias eram
apresentadas oralmente, mas onde se forjou um arcabouço científico de alta
profundidade, que fizeram surgir varias coletâneas, dentre elas, Trabalhos
sobre os Sistemas de Signos (TSS).
É
preciso destacar a atuação de Lótman, que agrega em si os mais fortes
postulados da ETM, e se firmou como referencial da Escola, coordenando os
encontros de verão e as principais publicações de Tártu. Graduado em Letras,
teve professores que haviam participado dos movimentos formalistas[10]
e estruturalista[11], como e
Vladimir Propp, conhecido mundialmente por suas teorias acerca do folclore e
das fábulas. A carreira acadêmica de Lótman começa na universidade de Tártu, em
1954, onde se dedica à biografia de autores russos do final do século XVIII.
Porém, aos poucos, foi deixando de lado o aspecto histórico dos textos
literários e passou a se interessar pela maneira como as idéias filosóficas, os
modos de ver o mundo e os valores sociais incidiam sobre a estética da produção
cultural do planeta, especialmente da literatura e das artes. Foi atraído pelos
reflexos que diferentes fenômenos promoviam sobre os valores cognitivos, éticos
e estéticos de cada época e começou a descrever estes movimentos culturais como
sistemas.
Pode-se
dizer que é Lótman quem consegue descrever com maior clareza a perspectiva da
ETM como Escola da Semiótica, resistindo a inúmeros críticos que acusam o grupo
de pesquisadores de não construir um arcabouço teórico, único, coeso, mas sim
publicar discussões sobre “modelos técnicos emprestados de ciências vizinhas,
que formam um corpo metodológico aplicado a qualquer linguagem”[12].
Ninguém discute que os escritos de Tártu são reflexões individuais dos
diferentes nomes da escola em relação a diferentes objetos. Peeter Torop,
podemos dizer, o herdeiro de Lótman, lembra que um aspecto negativo é um fato
de que as coletâneas dos TSS, apresentam um “jargão de Tártu”, uma
metalinguagem muito particular, “que pode parecer ao observador um tanto
caótico”[13]. Mas o
próprio Torop lembra que a primeira publicação da ETM é o um livro altamente
ortodoxo de Lótman – Lições sobre Poética
Estrutural (1964), sob o ponto de vista acadêmico. Estas observações
localizam Lótman entre os principais pensadores da ETM e, talvez, o mais
“teórico”; isto é, com uma proposta metodológica mais abrangente no que diz
respeito à possibilidade de aplicação de seus conceitos no estudo dos processos
semióticos e na leitura destes processos e dos sistemas de signos que emergem
da cultura. Lótman não se pronuncia explicitamente, como fazia Bakhtin, em
torno da perspectiva ideológica e sobre o valor cultural dos textos, lembram
Arán e Barei. A teoria lotmaniana está centrada nos mecanismos de
“automodelação cultural” e nos processos de trocas graduais ou explosivas de
informação. Na riqueza, variedade e atividade dos subsistemas que povoam o
espaço semiótico[14].
1.3
As propostas de Lótman
Os
pontos de base das propostas de Lótman, que vão nortear as reflexões desta
tese, estão baseados nas referências deixadas pelos primeiros semioticistas
russos das primeiras décadas do século XX. Neste momento, a então União
Soviética vivia um momento de efervescência, na pós-revolução (1917).
Valorizava-se a produção cultural e as práticas inovadoras que fizeram surgir
movimentos como o Construtivismo; correntes reflexivas como o Formalismo; a
fundamentação da Lingüística, Círculo Lingüístico de Moscou (Jakobson, Victor
B. Chklóvski, Boris Eikhenbaum); e o fortalecimento do estudo da poética, no
chamado Círculo de Bakhtin. Essas, pode-se dizer são as fontes de Lótman.
Lotman
constrói, segundo Irene Machado, uma semiótica sistêmica[15].
A experiência humana se traduz em signos, um imenso sistema de signos: a
cultura. Esta organiza o processo da vida em sociedade criando as regras
imprescindíveis à tradução de informações, que são armazenadas ou
reinterpretadas quando novas demandas surgem num determinado grupo social. Em
outras palavras, a cultura é um sistema de armazenamento, processamento e
transferência de informação. Para o estoniano, no entanto, há dois tipos de
estruturas semióticas. A primeira reúne estruturas relativamente simples que
utilizam línguas artificiais com sintaxe e vocabulário estritamente definidos.
O papel desta estrutura é transmitir informação altamente organizada, com o
mínimo possível de perdas e deformações. O outro tipo de estrutura elabora
mensagens novas e imprevisíveis. Ele as compara a “objetos racionais”, como o
cérebro humano, e estende este processo ao texto artístico e à cultura. Estes
objetos racionais são sistemas complexos de linguagens verbais, sonoras,
icônicas, ou mesmo híbridas, multicodificadas, se atualizam exatamente dentro
das mesmas regras de qualquer outro sistema, de qualquer natureza, por meio do
gerenciamento da informação.
Para
explicar como a informação é gerenciada, o russo se apropria do conceito de
dialogismo de Bakhtin. Segundo este último, quando dois indivíduos (ou
sistemas, no caso desta pesquisa) se encontram trocam experiências por meio de
um processo de experimentação do outro: um “enxerga” o outro a partir da
própria experiência, da própria noção que se tem de si. O diálogo se dá a
partir do que cada um (eu e o outro) tem de diferente e de comum. Sem um
referencial próprio de mundo, não há como alguém (ou sistema) se apropriar do
que o outro traz de novo. A identidade se conforma, se mostra, se formula,
ganha sentido, a partir do olhar sobre o outro e do outro sobre o eu.
Um sentido
descobre suas profundidades ao encontrar e ao tangenciar outro sentido, um
sentido alheio: entre eles se estabelece um tipo de diálogo que supera o
caráter fechado e unilateral desses sentidos, dessas culturas. [...] No
encontro dialógico, as duas culturas não se fundem nem se mesclam, cada uma
conserva sua unidade e sua totalidade aberta, porém ambas se enriquecem
mutuamente[16].
Santaella
completa este raciocínio argumentando que o sentido não está armazenado nas
consciências individuais, mas na relação, nos interstícios entre o falante e o
ouvinte. “Sentido é, portanto, linguagem em movimento, diálogo”[17].
Diante
deste cenário, Lotman constrói seu conceito de tradução, que se resume no fato
de que, a partir do que surge de informação no outro, um sistema (cultura,
língua etc.) reconforma sua estrutura traduzindo em signos que existem à sua
disposição dentro da sua realidade, da sua experiência, aquilo que “recebeu”,
que absorveu (informação), que leu, no outro, modificando-se, acrescentando em
si uma nova experiência, fruto de sua vivência com as informações novas, vindas
de fora. Essas novas configurações são absorvidas na memória do sistema (na
memória da cultura, língua etc) e ficam à disposição para serem acessadas a
todo o momento em que for necessário. Ele chama isso de tradução da tradição e
nos remete ao dialogismo de Bakhtin. Os códigos e textos já absorvidos pela
cultura, aqueles que já possuem sentido para os grupos sociais, se recompõem
para traduzir novos conteúdos, mas estes novos textos só surgem a partir dos
antigos, da tradição; a partir daqueles que a cultura reconhece.
[...]
cultura é uma acumulação histórica de sistemas semióticos (linguagens). A
tradução dos mesmos textos para outros sistemas semióticos, a assimilação dos
distintos textos, o deslocamento dos limites entre os textos que pertencem à
cultura e os que estão além dos seus limites constituem o mecanismo da
apropriação cultural da realidade. A tradução de uma porção determinada da
realidade para uma das linguagens da cultura, sua transformação em texto, ou
seja, em informação codificada de certa maneira, a introdução de tal informação
na memória coletiva: esta é a esfera da atividade cultural cotidiana[18].
Porém,
um sistema não se modifica apenas com informações externas, de outra cultura,
ou do outro. Suas experiências individuais podem também fazer essa dinâmica
funcionar no sentido de que possa dar conta de si mesmo, das demandas de sua
própria estrutura. Isso acontece com a cultura que precisa dar conta de
inúmeros novos fenômenos, sejam sociais, econômicos, artísticos etc. É um
movimento de auto-organização que, segundo Lótman, faz com que a cultura
produza novas “regras de representação”. A esses sistemas auto-regulatórios ou
de auto-organização, Lótman deu o nome de sistemas modelizantes de segundo
grau, que se conformam a partir do sistema primário que é a língua natural, o
sistema modelizante de primeiro grau.
Para
Lótman, é a partir da língua que se dá a culturalização do mundo, que a
natureza e seus fenômenos e fatos se humanizam; que o pensamento se constrói e
que a cultura se descreve em textos. “A língua modeliza a realidade. Em cima
dela se constroem os sistemas secundários que modelam aspectos parciais dessa
realidade”[19].
A
língua natural possui um lugar especial na cultura, graças à sua participação
em sistemas modelizantes não-verbais.
“A palavra
ajuda e comenta cada ato ideológico. O processo de conhecimento de qualquer
fenômeno ideológico (quadro, musica, ritual e ação) tem lugar somente com a
participação da fala interna. Todas as demais formas de criação, o resto de
signos não verbais estão submersos no elemento verbal e não podem separar-se
completamente dele[...] a língua (como fala interior ou audível) pode inclusive
penetrar em esferas não verbais da cultura e pode chegar a ser indispensável
para sua existência. A língua atua como a base dos sistemas modelizantes
secundários, mas também faz o papel de metalinguagem universal”[20].
A
partir deste raciocínio pode-se entender porque Lótman afirmou que a cultura é
um grande texto. Assim como ela se reconhece como língua ela se auto-regula e
se auto-descreve (metalinguagem), por exemplo, por meio de leis e do discurso
da ciência, também se expressa na dança, no teatro, no design, na moda, no digital. Estes
textos, espelhados nas regras da língua natural, a partir da língua e de outras
codificações promovem a manifestação de sentido de outros conteúdos da cultura,
que são os sistemas modelizantes de segundo grau. Vão se organizando em textos
que vão dar sentido à vida interna de um determinado grupo. A cultura
escreve-se em diferentes códigos, que serão chamados de códigos culturais,
“estruturas de alta complexidade que reconhecem, armazenam e processam
informações [...] constituem um vocabulário mínimo da cultura [...] são
culturalizações, quer dizer, são formas convencionalizadas que situam o homem
no ambiente [...] se dão a entender como som, imagem, movimento, textura,
cheiro, paladar”[21].
Lótman
vai transferir o conceito de estrutura da língua para o de estruturalidade,
aplicando-o às diferentes linguagens da cultura. Os códigos se acomodam em
relações diferenciadas, assumindo escritas diferentes, composições diferentes
que vão se reconfigurando com os movimentos da cultura. Esses sistemas
modelizantes de segundo grau não possuem estrutura como a língua, mas
estruturalidade, relações específicas que dão conta das diferentes situações da
vida, isto é, traduzem fenômenos em cultura, não-cultura em cultura.
“[...] o
‘trabalho’ fundamental da cultura [...] consiste em organizar estruturalmente o
mundo que rodeia o homem. A cultura é um gerador de estruturalidade; cria ao
redor do homem uma sociosfera que, como a biosfera, possibilita a vida, não
orgânica, obviamente, mas de relação. [...] Para cumprir esta tarefa, a cultura
precisa ter em seu interior um dispositivo esteriotipador (ztampujuscee utrijstvo)
estrutural, cuja função é desenvolvida justamente pela linguagem natural: e é
isso que proporciona aos membros do grupo social o sentido intuitivo da
estruturalidade”[22].
Uma
poesia, por exemplo, reconstrói o mundo de maneira específica. Contém referências
do texto escrito, mas se apresenta de forma específica, propõe conotações,
porém, sempre se mirando ou modelizando e estruturada pela língua mãe e pela
forma e pelos sentidos que são buscados na memória da cultura. Cada signo ou
texto que é depositado na memória da cultura vai formar o “cosmo” sígnico de
cada grupo, a que Lótman dá o nome de semiosfera. Para o estoniano, as
operações de tradução de experiências em signos que se dão em qualquer cultura
só são possíveis porque existe um espaço semiótico que disponibiliza a
interação e a produção de sentido. A semiosfera funciona como a biosfera,
aquele ambiente com características específicas e elementos disponíveis para
serem acessados e dar condições à vida, à cultura. Trata-se da “esfera que possui
as características distintivas que se atribui a um espaço fechado em si mesmo.
Só dentro de tal espaço se torna possível a realização dos processos
comunicativos e a produção de nova informação”[23].
A
semiosfera seria, então, um ambiente com elementos (códigos culturais)
significantes disponíveis de serem acessados (combinados) e dar condições às
representações, sistemas de signos que vão dar suporte à reprodução e
manutenção da cultura. “Todo espaço semiótico pode ser tomando como um só
mecanismo, senão organismo. Assim, a fundação não será este ou aquele tijolo
que a parece, mas o ‘grande sistema’ denominado ‘semiosfera’. A semiosfera é o
espaço semiótico fora do qual é impossível a semiose”[24].
Lótman
explica, ainda, que os textos se “reproduzem” por contaminações que se dão nas
fronteiras “esponjosas”, nos limites das diferentes culturas. Os textos que
estão próximos às fronteiras têm estruturaliddade mais frágil dentro da memória
dos sistemas. Os novos textos surgem nas chamadas periferias que estão
organizadas menos formalmente que os centros, onde estão as estruturas mais
fortes, construções mais arraigadas de todas as culturas ou sistemas.
“A função
da fronteira [...] se reduz a limitar a penetração do externo no interno, a
filtra-lo e elabora-lo adaptativamente. [...] todos os mecanismos de tradução
que estão a serviço dos contatos externos pertencem à estrutura da fronteira da
semiosfera. A fronteira geral da semiosfera de intersecciona com as fronteiras
dos espaços culturais particulares.[...] ela conserva o sentido de um mecanismo
buffer que transforma a informação. [...] O espaço semiótico se caracteriza
pela presença de estruturas nucleares (com mais freqüência várias) com uma
organização manifesta e de um mundo semiótico mais amorfo que tem na periferia,
na qual estão submergidas as estruturas nucleares”[25].
Lótman
frisa que as contaminações que se dão por meio das fronteiras são encontros
dialógicos entre os elementos estruturais das diferentes culturas, dos
diferentes textos. Os elementos homogêneos permitem a hibridização e os
heterogêneos vão se conformar oferecendo a possibilidade de novos textos com
novos significados.
“A
possibilidade de diálogo pressupõe tanto a homogeneidade quanto à
heterogenidade dos elementos. Deste ponto de vista, a diversidade estrutural da
semiosfera constitui a base do seu mecanismo. [...] Por uma parte, os sistemas
não são idênticos e emitem textos diferentes, e, por outra, se transformam
facilmente um em outro, o que lhes garante uma tradizibilidade mútua. Assim,
podemos dizer que, para que seja possível o diálogo, os participantes devem ser
diferentes e, cada um, ter em sua estrutura a imagem semiótica da sua
contraparte”[26].
[1] MACHADO, Irene. Escola de
Semiótica: a experiência de Tártu-Moscou para o estudo da cultura. Cotia:
Ateliê Editorial; São Paulo: Fapesp, 2003.
p. 25.
[2] MACHADO, op. cit., p. 13.
[3] Ibid., p. 35.
[4] ARÀN, Pampa O. e BAREI, Sílvia. Texto/Memoria/Cultura: el pensamiento de Iuri Lotman. 2ª ed.
Córdoba: El Espejo Edições, 2006. p. 46.
[5] ÀRAN, loc. cit.
[6] LOTMAN, Iuri. La
Semiosfera : semiótica de la cultura e del texto. Trad.
Desiderio Navarro. Madrid: Ediciones Cátedra, 1996. p. 157.
[7] MACHADO, op. cit,. p. 60.
[9] ARÀN, Pampa O. e BAREI, Sílvia. Texto/Memoria/Cultura: el pensamiento de Iuri Lotman. 2ª ed.
Córdoba: El Espejo Edições, 2006. p. 118.
[10] Influente escola russa (1910 a 1930); os membros do movimento são
considerados os fundadores da crítica literária moderna.
[11] Corrente de pensamento que se inspirou do modelo da lingüística e
que apreende a realidade social como um conjunto formal de relações.
[12] SANTAELLA, Lúcia. O que é
semiótica?: Ediouro, 1983. (Coleção Primeiros Passos). p. 76.
[14] ARÀN, Pampa O. e BAREI, Sílvia. Texto/Memoria/Cultura: el pensamiento de Iuri Lotman. 2ª ed.
Córdoba: El Espejo Edições, 2006.
[15] MACHADO, Irene. Escola de
Semiótica: a experiência de Tártu-Moscou para o estudo da cultura. Cotia:
Ateliê Editorial; São Paulo: Fapesp, 2003, p. 156.
[16] BAKHTIN, Mikhail. Estética
de la Creación Verbal. Trad. Tatiana Bubnova. México: Siglo 21, 1982. p. 352.
[17] SANTAELLA, Lúcia. Navegar no Ciberespaço: o perfil cognitivo do
leitor imersivo. São Paulo: Paulus, 2004, p. 168.
[18] Lotman apud OSIMO, Bruno. Traduzibilidade. Logos Group: Curso de Tradução, Modena. Disponível em: http://www.logos.it/pls/dictionary/linguistic_resources.cap_1_28?lang=bp.
Acesso em: 20 out. 2006.
[19] Lotman apud ARÀN, Pampa O. e BAREI, Sílvia. Texto/Memoria/Cultura: el pensamiento de Iuri Lotman. 2ª ed.
Córdoba: El Espejo Edições, 2006, p. 18.
[20] ZYLKO, Boguskaw. La
Cultura e La
Semiótica : notas sobre la concepción de la cultura de Lotman.
IN: Entretextos – Revista
Electrónica Semestral de Estúdios Semióticos de la Cultura. Granada ,
nº 5, maio 2005. Disponível em: http://www.ugr.es/~mcaceres/Entretextos/entre5/zylko.htm.
Acesso em: 20 out. 2006.
[21] MACHADO, Irene. Escola de
Semiótica: a experiência de Tártu-Moscou para o estudo da cultura. Cotia:
Ateliê Editorial; São Paulo: Fapesp, 2003, p. 156.
[22] MACHADO, Irene. Escola de
Semiótica: a experiência de Tártu-Moscou para o estudo da cultura. Cotia:
Ateliê Editorial; São Paulo: Fapesp, 2003, p. 156.
[23] Lotman, Iuri M. La
Semiosfera I :
semiótica de la cultura y del texto. Trad. Desiderio Navarro. Valência:
Frónesis Cátedra, 1996, p. 23.
[24] ZYLKO, Boguskaw. La
Cultura e La
Semiótica : notas sobre la concepción de la cultura de Lotman.
IN: Entretextos – Revista
Electrónica Semestral de Estúdios Semióticos de la Cultura. Granada ,
nº 5, maio 2005. Disponível em: http://www.ugr.es/~mcaceres/Entretextos/entre5/zylko.htm.
Acesso em: 20 out. 2006.
[25] Lotman, Iuri M. La
Semiosfera I :
semiótica de la cultura y del texto. Trad. Desiderio Navarro. Valência:
Frónesis Cátedra, 1996, p. 26-29.
[26] Ibid., p. 36-37.
Esse texto é meu, Fernando. Todo. Podia, ao menos, me citar. É da minha tese. Agradeço a atenção.
ResponderExcluirEsse texto é meu, Fernando. Todo. Podia, ao menos, me citar. É da minha tese. Agradeço a atenção.
ResponderExcluir